A Igreja confirmou recentemente algumas mudanças em seu Manual de Instruções fornecidos aos Bispos e Presidentes de Estaca. O Manual prescreve doutrinas, diretrizes e procedimentos para administrar a Igreja e servir membros.
As alterações são de três tipos:
1. Aqueles que entram em um casamento homossexual são considerados apóstatas, e vão precisar se submeter à disciplina da Igreja, possivelmente resultando em desassociação ou excomunhão;
2. Líderes locais devem considerar seriamente a disciplina da Igreja contra membros que coabitam em relacionamentos homossexuais, mesmo que não sejam casados;
3. Filhos menores de idade que moram com casais homossexuais não serão batizados na Igreja até que atinjam a idade adulta. Nesse momento, para que possam ser batizados, devem compreender e aceitar a doutrina da Igreja referente ao pecado cometido por aqueles que se relacionam e se casam com pessoas do mesmo sexo.
Os dois primeiros pontos dificilmente podem causar surpresa — visto que atos homossexuais têm por muito tempo sido motivos de disciplina da Igreja. A única mudança está em incluir o casamento homossexual na categoria de apostasia, o que exige que sejam tomadas medidas disciplinares.
O terceiro ponto tem levado muitos a conclusões equivocadas, incluindo:
1. A Igreja está considerando “apóstatas” os filhos menores cujos pais estão em casamento do mesmo sexo;
2. A Igreja está “punindo” os filhos pelos pecados de seus pais.
Tais conclusões refletem a falta de familiaridade com as considerações importantes que a Igreja deve levar em conta quando se lida com crianças e famílias.
Há muito tempo a Igreja tem honrado a autoridade parental
Nenhuma criança menor pode ser ensinada ou batizada sem o consentimento de seus pais. Assim, a Igreja defende a autoridade dos pais e da relação pai-filho, mesmo em uma questão relacionada ao batismo, que a Igreja considera em última instância essencial para a salvação.
Além disso, a Igreja não acredita que uma criança que não pode receber o batismo por causa da ação dos pais será condenada. Todos têm uma oportunidade plena e livre—seja nesta vida ou na próxima, através das ordenanças vicárias do templo—de aceitar o Evangelho. Outros não podem evitar isso para sempre. Mas, em alguns casos, uma criança deve esperar para ser batizada se as ações dos pais tornarem isso necessário.
Mesmas normas para crianças de famílias polígamas
As diretrizes relacionadas a crianças com pais homossexuais casados são as mesmas para as crianças cujos pais estão em relações polígamas. Em ambos os casos, as crianças não podem ser batizadas, enquanto elas são menores de idade vivendo em tais circunstâncias. Elas também devem ser entrevistadas cuidadosamente para confirmar que compreendem e aceitam a doutrina da Igreja sobre as relações de pessoas do mesmo sexo ou casamento plural não autorizado.
Para a Igreja, seria inadequado e injusto esperar que as crianças menores tivessem de lidar com a questão da lealdade dividida. Todas as crianças precisam do apoio de uma família. Idealmente, esse apoio deve ser fornecido por uma mãe e pai casados. Algumas crianças não têm essa vantagem, mas ainda é importante que a Igreja não menospreze a relação de uma família polígama entre pais e filhos, ou o relacionamento de um casal homossexual com uma criança da qual eles são pais.
Batizar uma criança menor em tal situação seria colocar a criança em uma posição difícil. Aqueles que optarem por serem batizados devem sinceramente endossar doutrinas e princípios da Igreja. No entanto, em casa, seria dito às crianças cujos pais estão em um casamento do mesmo sexo que o casamento dos seus pais é válido e um modelo a ser seguido; na Igreja iriam ouvir que o casamento era inválido e profundamente pecaminoso. Na melhor das hipóteses, isso poderia ser confuso; na pior, arrisca-se a alienar a criança contra a figuras parentais.
A Igreja está tentando equilibrar a importância do batismo com a importância da harmonia familiar e relacionamentos. Um filho de pais em relacionamentos homossexuais pode não ser capaz de conciliar facilmente o amor que ele sente por seus pais com os ensinamentos da igreja em que a relação dos pais é um pecado. É preciso maturidade para ser capaz de amar e respeitar os outros que acreditamos estar agindo de forma errada. Quando a criança atingir a idade adulta, e estiver pronta para fazer a escolha madura de fazer convênios que exigem renunciar o estilo de vida de seu pai (ou pais), e aceitar todos os desafios e as implicações dessa escolha, o tempo será bom para o batismo.
Caso a Igreja fizesse o contrário, seus críticos e detratores provavelmente se queixariam de estar ela minando a autoridade dos pais ou privando a criança membro menor de idade dos benefícios da vida familiar através de ensinamentos contra relacionamentos homossexuais e casamentos homossexuais.
Proteger a Igreja daqueles que poderiam manipulá-la
Aqueles que são membros de grupos polígamos têm também, ocasionalmente, procurado fazer com que seus filhos se unam à Igreja, a fim de terem acesso às ordenanças do templo. Dessa forma, os pais podem, ocasionalmente, incentivar as crianças a tornarem-se membros para alcançarem suas próprias metas, e não pela crença sincera.
De maneira similar, é concebível que, pelo menos, alguns pais homossexuais poderiam tentar usar o batismo de uma criança como uma forma de levantar um ponto político na mídia, ou obter influência sob uma unidade local da Igreja que está lidando com sua relação homossexual.
Crianças e líderes locais da Igreja não devem ser colocados em tal posição, e assim a diretriz da Igreja protege ambos.
As decisões, em última análise feita pela Primeira Presidência
A decisão de batizar os filhos adultos de pais homossexuais casados não será feita por líderes locais. Os líderes locais só podem recomendar um curso de ação para a Primeira Presidência. Tais situações podem ser confusas e complexas; diretrizes e políticas provavelmente não podem capturar todas as várias circunstâncias ou complicações que irão surgir em uma sociedade pluralista com pontos de vista tão divergentes sobre o casamento. A decisão em todos os casos será feita pela Primeira Presidência, e não será deixada ao critério exclusivo dos líderes locais.
Isso ajudará garantir uniformidade entre os casos semelhantes em larga escala na Igreja, e também assegurará que aqueles que tomam as decisões—a Primeira Presidência— tenham a mais ampla base possível de experiência segundo a qual se posicionarão. Com o passar do tempo, ao líderes da Igreja buscarem abordar casos individuais, eles provavelmente melhorarão sua compreensão do que melhor atenderá as necessidades da criança, dos pais, e da Igreja.
O Elder Todd Christofferson em pronunciamento oficial comentou a nova diretriz: