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O que devo fazer se acredito ter recebido uma revelação diferente da dos Apóstolos e Profetas?

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O que devemos fazer se acreditamos que recebemos uma revelação que difere da voz unida da Primeira Presidência e dos Doze Apóstolos?

Uma das grandes forças da doutrina SUD está presente na crença em revelação contínua, tanto para líderes da Igreja como membros a nível individual. Membros compreendem que a revelação que recebem se refere apenas à suas próprias mordomias e responsabilidades.

O que devemos fazer, então, no caso de sinceramente acreditarmos termos recebido uma revelação que nos diz que os maiores conselhos de líderes da Igreja estão errados?

Sugiro aqui cinco princípios importantes extraídos de apóstolos e profetas sobre tais situações, os quais tem abençoado minha vida.

1. Como primeiro passo, precisamos seriamente considerar a possibilidade de estarmos errados ou enganados.

O Elder Oaks ensinou que algumas coisas podem nos desqualificar de receber revelação até que utilizemos o método correto:

“Não podemos possuir a compania do Espírito Santo—o mediador da revelação pessoal—se estivermos em transgressão ou se estivermos com raiva ou se estivermos em rebelião contra as autoridades escolhidas por Deus.”[1]

Note que não há uma exceção que siga, “a menos que você esteja certo e eles errados.”

2. Devemos orar para termos nossos corações transformados se necessário.

Marion G. Romney, posteriormente da Primeira Presidência, teve uma experiência similar a esta. Harold B. Lee a descreveu:

“No campo político onde tanta pressão é colocada sobre os homens para conciliar ideais e princípios por conveniência, trabalhadores dos pertidos rapidamente aprenderam a admirar a intensa lealdade de Marion G. Romney a sua própria consciência assim como aos conselhos de seus líderes da Igreja, cujos pronunciamentos sobre assuntos vitais que afetam o bem estar da nação que ele aceitou como divinamente inspirada, mesmo frequentemente tendo conduzido isto a ele conflitos hostis com líderes de seu próprio partido político. Em certa ocasião quando líderes da Igreja em um artigo editorial redigido haviam denunciado as tendências da administração política então no poder, ele confidenciou a mim algo que poderia ser bom caso todos os membros leais da Igreja na vida pública desejassem competir: “Quando eu li aquele editorial,” ele me disse, “Eu sabia o que deveria fazer—mas não era o suficiente. Eu sabia que deveria me sentir seguro sobre seguir o conselho da liderança da Igreja e sabia que eles estavam certos. Aquilo levou uma noite inteira sob meus joelhos para alcançar.” Eu enviei naquela declaração a diferença entre obediencia “inteligente” e “cega”. Marion G. Romney, enquanto jamais desobediente a alguma autoridade superior, jamais poderia ser acusado coerentemente de ser um “obediente cego”. (62-16, p. 742)[2]

Dessa forma, foi com uma experiência pessoal difícil que o Presidente Romney posteriormente ensinou:

Alguns membros presumem que uma pessoa possa estar em total harmonia com o espírito do Evangelho, partilhando total companheirismo na Igreja, e ao mesmo tempo estar fora de harmonia com os líderes da Igreja e dos conselhos e direções que eles nos dão. Tal posição é totalmente inconsistente… Aqueles que professam acetar o Evangelho e que ao mesmo tempo criticam e se negam a seguir o conselho dos profetas estão adotando uma posição indefensável. Tal espírito conduz à apostasia.[3]

O Presidente Romney também ensinou:

“Se decidirmos estar no lado da verdade, precisamos possuir o Espírito de Deus. Para obter este Espírito, oração é um requisito indispensável. Oração irá manter a visão de um iindivíduo clara nesta questão de lealdade assim como em todas as demais questões. Ao me referir à oração, entretanto, eu não me refiro apenas à fazer orações. Orações podem ser proferidas de maneira superficial. Acesso ao Espírito de Deus, que é um poder condutor, não pode ser obtido dessa forma. A divina determinação para orar não pode ser satisfeita de maneira casual nem como um esforço para obter aprovação divina de um curso pré-determinado. Uma firme decisão em obedecer a vontade de Deus deve estar acompanhada de uma petição por conhecimento, assim como do conhecimento de sua vontade. Quando alguém se coloca em tal posição de maneira a determinar que alcançará a verdade não importa aonde ela o conduza, apesar de ser requerido uma mudança de opinião de sua posição anterior, ele pode, sem hipocrisia, procurar o Senhor em oração. Então, quando ele orar com toda a energia de sua alma, ele se qualifica e receberá orientação. A mente e vontade do Senhor com relação ao curso que deve tomar será dado a conhecer a tal indivíduo. Eu o asseguro, entretanto, que o espírito do Senhor jamais dirige uma pessoa a tomar uma posição em oposição ao conselho da Presidência de Sua Igreja. Tal coisa não pode acontecer…”[4]

Há um ponto muito importante aqui—Presidente Romney descreve a necessidade de estar disposto a ser mudado. Isso é realmente um ato de consagração—de colocar algo que amamos e valorizamos no altar (nossas convicções políticas, morais, considerações pessoais, conforto social, etc).

Apenas quando estamos genuinamente dispostos a fazer isso podemos esperar pela benção. Fé precede o milagre.

3. Devemos ser pacientes

Brigham Young falou sobre a primeira vez em que Joseph Smith ensinou algo que ele não acreditava ou que não conseguia acreditar. Aconteceu quando Joseph ensinou sobre os 3 graus de glória nos céus. Brigham Yound disse:

“Eu não estava preparado para dizer que eu acreditava, e eu tive que esperar. O que eu fiz? Eu dirigi meus sentimentos a Deus, e disse, ‘Eu aguardarei até que o Espírito de Deus se manifeste a mim, contra ou a favor.’ Eu não fiz um julgamento do assunto, não discuti de maneira contrária, de nenhuma forma. Jamais me opus a qualquer coisa que Joseph ensinou, mas se eu não pudesse ver ou entender, eu me dirigia ao Senhor.”[5]

Note que Brigham não “seguiu cegamente” Joseph. Ele não iniciou acreditando na doutrina simplesmente porque Joseph havia ensinado. Brigham insistiu que gostaria de ter seu próprio testemunho antes de acreditar.

Ainda assim, Brigham Young não foi longe no extremo oposto também. Ele não se engajou em debates, ou publicou um jornal “alternativo” (hoje em dia tais indivíduos provavelmente iniciariam blogs ou postagens no Facebook) detalhando todas as razões pelo qual ele não acreditava no que Joseph havia ensinado. Ele agiu de acordo com seus convênios, mas não abdicou de sua responsabilidade interna a respeito de suas dúvidas e incertezas. Ele esperou por revelação, mas não permitiu que aquilo que ele não conhecia destruísse aquilo que ele conhecia.

Se ele não houvesse agido dessa forma, jamais haveria recebido uma revelação. Fé precede o milagre, e isso inclui a fé para simplesmente esperar;

O Presidente Packer advertiu:

“Há aqueles dentro da Igreja que ficam inconformados quando mudanças são feitas com relação à coisas que não concordam ou quando mudanças que eles propõem não são realizadas. Eles apontam tais coisas como evidência de que os líderes não são inspirados.
Eles escrevem e falam para convencer outros que as doutrinas e decisões dos irmãos não foram dadas sob inspiração.”

Duas coisas os caracterizam: eles estão sempre irritados com a palavra obediencia, e sempre questionam revelação. Sempre tem sido dessa forma.[6]

4. Se, após tudo isso, ainda acreditarmos que os líderes da Igreja estão errado, ainda assim não estamos autorizados para pregar publicamente ou promover uma ação ou ensinamento diferente.

O Presidente George Q. Cannon declarou:

“Podemos conceber um homem que honestamente difere em opinião das autoridades da Igreja e ainda assim não é um apóstata; mas não podemos conceber um homem publicando essas diferenças de opiniões e buscando argumentos para fortalecerem sob as pessoas para produzir divisão e colocar os atos e conselhos das Autoridades da Igreja, se possível, em uma luz equivocada e não ser um apóstata, pois tal conduta é apostasia da maneira que compreendemos o termo. Nós ainda dissemos que enquanto um homem talvez difira honestamente das Autoridades através de um entendimento de busca, ele precisa ser extraordinariamente cuidadoso em como age em relação a tais diferenças, ou o adversário tiraria vantagem dele, e ele se tornaria em breve investido com o espírito de apostasia e se encontrar lutando contra Deus e a autoridade o qual ele inseriu aqui para governar Sua Igreja.” [7]

5. Nós talvez sejamos ensinados coisas por revelação que são verdadeiras, e para o nosso conforto, mas ainda assim não é a nossa responsabilidade espalhá-las publicamente, ou utilizá-las para promover mudanças.

Brigham Young: “Caso você receba uma visão ou revelação do Todo-Poderoso, uma que o Senhor lhe deu a respeito de si mesmo, ou dessas pessoas, mas o qual você não deve revelar visto que não é a pessoa apropriada, ou porque não deve ser conhecido pelas pessoas no presente, você deve guardá-la e salá-la… tão secreto como a sepultura. O Senhor não possui confiança naqueles que revelam segredos, porque Ele não pode seguramente revelar a si mesmo para tais pessoas.”[8]

Joseph F. Smith: “Nem mesmo uma revelação de Deus deve ser ensinada a Seu povo até que seja primeiro aprovada pela Autoridade Presidênte—aquela pelo qual o Senhor torna conhecida sua vontade para a condução dos santos… O Espírito de revelação pode descer a qualquer um, e ensiná-lo (a) muitas coisas para conforto e instrução pessoal. Mas estas não são doutrinas da Igreja, e, mesmo que verdadeiras, não devem ser ensinadas até que permissão seja concedida.”[9]

Joseph Fielding Smith: “Se um homem vier entre os Santos dos Últimos Dias, professando ter recebido uma visão ou revelação ou sonho extraordinário, que o Senhor o tiver dado, ele deve guardá-lo para si mesmo…o Senhor dará suas revelações da maneira apropriada, para aquele que foi escolhido para receber e partilhar a palavra de Deus para os membros da Igreja.”[10]
Dessa forma, talvez possamos dizer que o desespero ou extrema disposição em utilizar tais supostas revelações para consumo púnlico ou promoção é evidência adicional de que nossa revelação não é de Deus. Aqueles que possuem revelações verdadeiras terão paz, e possuem confiança de que o Senhor respeita as linhas de responsabilidade que Ele estabeleceu para Sua Igreja.

Conclusão

Eu tenho simpatia por aqueles que vivenciam tais situações. Mas, acredito que nossa responsabilidade é clara. Talvez ainda não estejamos convencidos de que o que nos foi pedido é correto. Talvez precisamos, como Brigham Young, apenas esperar mais um pouco. Talvez tudo o que precsamos fazer, no momento, é apoiar os profetas e apóstolos com nosso silêncio. Seria isso tão difícil? Certamente pode ser. Mas, isso também não deve nos surpreender. Assim como o Elder Neal A. Maxwell advertiu:

“Se formos sérios para com nosso discipulado, Jesus eventualmente irá requerer de cada um de nós aquelas ações que são as mais difíceis de realizarmos.”[11]

Acautelai-bos dos falsos profetas. Mas, acautelai-vos de que vocês não se tornarão falsos profetas. O Elder M. Russell Ballard ensinou na Conferência Geral de 1999:

“Quando pensamos em falsos profetas e falsos mestres, costumamos imaginar aqueles que advogam uma doutrina obviamente falsa ou presumem ter autoridade para ensinar o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo de acordo com sua própria interpretação. Freqüentemente partimos do princípio de que essas pessoas estão ligadas a pequenos grupos radicais à margem da sociedade. Contudo, reitero que há falsos profetas e falsos mestres que são membros ou, pelo menos, consideram-se membros da Igreja. Existem pessoas que, sem autoridade, reivindicam a aprovação da Igreja para seus produtos e procedimento. Tomem cuidado com elas.
Portanto, sejamos cautelosos em relação aos falsos profetas e falsos mestres, tanto homens como mulheres, que se autodesignam mensageiros das doutrinas da Igreja e procuram espalhar seu falso evangelho e atrair seguidores, patrocinando simpósios, livros, e jornais que contestam as doutrinas fundamentais da Igreja. Tomem cuidado com aqueles que falam e publicam coisas contra os verdadeiros profetas de Deus e que pregam suas próprias idéias com entusiasmo, não tendo a menor consideração pelo bem-estar daqueles que desencaminham. Como Neor e Corior no Livro de Mórmon, eles usam de sofismas para enganar e atrair pessoas para suas crenças. São os homens que “[se estabelecem] como uma luz para o mundo, a fim de obter lucros e louvor do mundo; não [procuram], porém, o bem-estar de Sião”. (2 Néfi 26:29)”[12]

Precisamos dos profetas e apóstolos desesperadamente. Não creio que os valorizamos o suficiente. O filósofo político Leo Strauss estava talvez mais correto do que podemos conceber quando escreveu:

“Profetas verdadeiros, independente de se predizem destruição ou salvação, predizem o inesperado, o que é humanamente imprevisível.”[13]

Quanto mais estudo e enxergo, mais convencido estou de que a batalha de nossa geração está relacionada à profetas—será sobre se Deus falou, e se aqueles que portam sua autoridade e chaves existem ou não. Sou uma testemunha de que eles existem. E, não obstante qualquer fraqueza que eles talvez possuam, nós e este mundo estão perdidos sem eles. Deus seja louvado porque há novamente profetas na terra e um profeta em Israel.

Escrito por Gregory Smith, voluntário da FairMormon


Referências:

[1] Dallin H. Oaks, “Teaching and Learning by the Spirit,” Ensign (March 1997): 14.
[2] Harold B. Lee, Teachings of Harold B. Lee, edited by Clyde J. Williams, (Salt Lake City: Bookcraft, 1996), 84.
[3] Marion G. Romney, “Conference Report (April 1983): 21; also in “Unity,” Ensign (March 1983).
[4] Marion G. Romney, “Loyalty,” Conference Report (April 1942).
[5] Brigham Young, Journal of Discourses, 18:247 (23 July 1874).
[6] Boyd K. Packer, “Revelation in a Changing World,” Ensign (November 1989): 16.
[7] Deseret News editorial, George Q. Cannon, editor, impression of 3 November 1869; reprinted in George Q. Cannon, Gospel Truth (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1974), 493.
[8] Brigham Young, Journal of Discourses 4:288 (15 March 1857); reprinted in Teachings of Presidents of the Church: Brigham Young, 41
[9] Joseph F. Smith Correspondence, Personal Letterbooks, 93–94, Film Reel 9, Ms. F271; cited in Dennis B. Horne (ed.), Determining Doctrine: A Reference Guide for Evaluation Doctrinal Truth (Roy, Utah: Eborn Books, 2005), 221–222. Also in Statements of the LDS First Presidency, compiled by Gary James Bergera (Signature, 2007), 121. Bergera indicates it is a letter from JFS to Lillian Golsan, 16 July 1902.
[10] Joseph Fielding Smith, Conference Report (April 1938): 65–67; see also Joseph Fielding Smith, Doctrines of Salvation, comp. Bruce R. McConkie, 3 vols. (Salt Lake City: Bookcraft, 1954–56), 1:288.
[11] Neal A. Maxwell, A Time to Choose (Salt Lake City, Utah: Deseret Book, 1975), 46.
[12] M. Russell Ballard, “Beware of False Prophets and False Teachers,” Ensign (November 1999): 62, emphasis added.
[13] Studies in Platonic Political Philosophies; cited in Henry B. Eyring, “Faith, Authority, and Scholarship,” in On Becoming a Disciple–Scholar, edited by Henry B. Eying, (Bookcraft, Salt Lake, 1995), 64.